A Comunhão e a evangelização estão intimamente
conectadas. A evangelização sem a comunhão é como uma sala de obstetrícia, onde
os bebês recém-nascidos são abandonados à sua própria sorte. A comunhão precede
a evangelização. Somente uma igreja saudável evangeliza com eficácia. O livro
de Atos dos apóstolos faz referência à comunhão dos crentes antes do
Pentecostes, como estavam juntos e unânimes em oração (At 1.14). Também fala do
profundo relacionamento de comunhão desfrutado pelos novos convertidos, logo que
foram agregados à igreja (At 2.42-47). A igreja primitiva cresceu para cima,
para dentro e para fora. Cresceu para cima em adoração, para dentro em comunhão
e para fora em evangelização.
O Salmo 133 aborda três verdades importantes sobre o
assunto em tela. Ei-los:
Em primeiro lugar, a comunhão é agradável.
O salmista diz: “Oh quão bom e agradável é viverem unidos os irmãos” (Sl
133.1). A comunhão é algo belo e agradável aos olhos de Deus. A comunhão
fortalece os relacionamentos fraternais e abre portas para novos contatos
evangelísticos. A amizade é um poderoso instrumento evangelístico. Um indivíduo
normalmente só permanece numa igreja onde constrói relacionamentos
significativos de amizade. Sem comunhão, a evangelização perde seu vigor. Jesus
foi enfático na Grande Comissão ao afirmar que os novos convertidos precisam
ser integrados na igreja e essa integração passa pela comunhão (Mt 28.18-20).
Em segundo lugar, a comunhão é terapêutica.
O salmista comparou a comunhão fraternal ao óleo (Sl 133.2) e ao orvalho (Sl
133.3). O óleo tem um simbolismo muito rico tanto no Antigo como no Novo
Testamento. Sua utilidade era tríplice: era usado como cosmético, como remédio,
e como um símbolo espiritual. A comunhão fraternal traz beleza aos
relacionamentos, alívio na dor, além de ser símbolo da cura espiritual. A
comunhão é a expressão visível da ação do Espírito derramando o amor de Deus no
coração dos crentes. O orvalho é outra figura importante usada pelo salmista. O
orvalho tem várias características: ele cai frequentemente. Sua ação é
contínua. Assim deve ser a união fraternal. Ainda, o orvalho cai
silenciosamente. Diferente da chuva, ele não é precedido pelos relâmpagos
luzidios nem pelo estrondo dos trovões. Ele cai sem alarde. Assim é a comunhão
fraternal. Ela age de forma terapêutica sem fazer barulho. Também, o orvalho
cai durante a noite, ou seja, nas horas mais escuras da vida. É quando
atravessamos os vales escuros da dor que a ação benfazeja da amizade desce
sobre nossa vida como o orvalho restaurador. O orvalho sempre traz renovo e
refrigério depois de um dia de calor escaldante. A comunhão fraternal tem o
poder de refrigerar a alma e renovar o ânimo depois das duras provas e do calor
sufocante que normalmente nos atinge nas jornadas da vida. O orvalho, finalmente,
se espalha para horizontes longínquos. O orvalho que desce do Monte Hermon
atinge também o Monte Sião. O Hermon fica no extremo norte de Israel e o Monte
Sião está situado na cidade de Jerusalém, há mais de duzentos quilômetros ao
sul. Assim é o poder da amizade. Ela cai sobre uma pessoa aqui e abençoa outras
pessoas em lugares longínquos.
Em terceiro lugar, a comunhão é abençoadora.
O salmista diz: “Ali ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre” (Sl
133.3). Não há evangelização poderosa sem a bênção de Deus. Evangelização
eficaz é uma operação soberana do Espírito Santo abrindo o coração do homem,
dando-lhe o arrependimento para a vida e a fé salvadora. Quando a igreja vive
em comunhão, ali Deus ordena vida. A evangelização é o instrumento mediante o
qual as pessoas que ouvem o evangelho nascem de novo e recebem vida em Cristo.
Deus mesmo é quem ordena a vida onde a comunhão existe. Só Deus pode abrir o
coração, dar o arrependimento para a vida e outorgar a fé salvadora. Só Deus
justifica o pecador e o sela com o Espírito Santo da promessa. É Deus quem
opera no homem tanto o querer como o realizar. Tudo provem de Deus! E é ele
mesmo quem estabelece as condições para uma evangelização poderosa e eficaz: É
preciso preparar o terreno. É preciso cultivar relacionamentos de comunhão
fraternal, pois é nesse ambiente regado pelo amor, que Deus ordena sua bênção e
a vida para sempre.
Hernandes
Dias Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário