Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as
coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus.
Mantenham
o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.
Pois
vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando
Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão
manifestados com ele em glória.
Assim,
façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade
sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. É
por causa dessas coisas que vem a ira de Deus sobre os que vivem na
desobediência, as quais vocês praticaram no passado, quando costumavam
viver nelas.
Mas
agora, abandonem todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledicência e
linguagem indecente no falar.
Não
mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas
práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em
conhecimento, à imagem do seu Criador.
Nessa
nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso,
bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos. Colossenses 3:1-11
No
capítulo 2 de Colossenses Paulo diz que o verdadeiro cristão é alguém que
recebeu a Cristo como senhor, que anda com Cristo e que está fundamentado em
Cristo. Também Paulo alerta para os quatro perigos que tenta nos desviar da
caminhada com Cristo: o Gnosticismo, o Legalismo, o Misticismo e o Ascetismo.
Agora,
Paulo vai falar sobre algumas implicações práticas da vida cristã. O crente não
é apenas alguém que declara ou defende a verdade, mas alguém que demonstra a
verdade em sua vida. Paulo mostra que há uma estreita conexão entre o que nós
cremos e o que nós praticamos. Não pode existir um abismo entre a fé e a
prática, entre o discurso e a vida.
I.
DESFRUTAMOS O CÉU NA TERRA QUANDO BUSCAMOS AS COISAS DO ALTO – V. 1-4
A.
Desfrutamos o céu na terra pela nossa identificação com Cristo.
1. Nós
morremos com Cristo – v. 3a
Cristo
não apenas morreu por nós (substituição), mas nós também morremos com ele
(identificação. Cristo não apenas pagou a nossa dívida com sua morte, ele
também quebrou o poder do pecado em nossa vida. “Como viveremos agora no
pecado, nós o que para ele morremos?” (Rm 6:2).
Watman Nee conta que certa feita andando de trem, foi convidado para jogar
baralho numa roda de amigos. Ele respondeu: “Eu não posso, porque eu estou
morto.”
2. Nós vivemos em Cristo – v. 4a
Cristo é
a nossa vida. A vida eterna é Cristo. Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem
o Filho não tem a vida (1 Jo 5:12). A essência da vida eterna é conhecer a
Cristo (Jo 17:3). Assim, nós estamos mortos e vivos ao mesmo tempo. Estamos
mortos para o pecado e vivos em Cristo. Paulo diz: “para mim o viver é Cristo”
(Fp 1:21). Diz ainda: “Não sou eu mais quem vive, mas é Cristo que vive em mim”
(Gl 2:20).
3. Nós
estamos ressuscitados com Cristo – v. 1a
É
possível se estar vivo e ainda viver na sepultura. Vi isso no Cairo, no Egito.
Mas quando cremos em Cristo, ele nos tira da sepultura e nos transporta para os
lugares celestiais, onde está assentado à destra de Deus.
A
condicional “se” do v. 1 não é a expressão de uma dúvida. Todos os que
receberam a Cristo estão identificados com ele na sua morte, sepultamento,
ressurreição e ascensão. A expressão significa: Desde que, já que vocês foram
ressuscitados com Cristo, então, busquem as coisas lá do alto.
4. Nós
estamos escondidos com Cristo – v. 3b
Nós não
mais pertencemos ao mundo, mas a Cristo. As fontes da vida, nas quais nos
alegramos vêm somente dele. Em Cristo estão escondidos também todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento (2:3). Estar escondido com Cristo significa que
nele nós temos segurança e satisfação. Nada nem neste mundo nem no vindouro
pode nos separar do amor de Cristo (Rm 8:31-39).
A nossa
esfera de vida não é mais terrena. Nascemos do alto. Buscamos as coisas do
alto. Estamos assentados com Cristo nas regiões celestes. Nossa Pátria está no
céu. Aspiramos às coisas do céu. Isso não significa irresponsabilidade com as
coisas da terra, mas significa que os nossos motivos e a nossa força vêm do céu
e não da terra.
5. Nós
estamos glorificados em Cristo – v. 4b
Cristo
agora está assentado à direita de Deus Pai no céu, mas um dia ele virá para nos
levar para o Lar (1 Ts 4:13-18). Quando ele se manifestar, nós que estamos
escondidos com ele, também nos manifestaremos em glória. Na mente e nos
decretos de Deus nós estamos glorificados (Rm 8:30). Mas a plenitude desta
glória ainda está por vir.
B.
Desfrutamos o céu na terra pela nossa aspiração por Cristo
1.
Devemos fixar nossa ambição na busca de tudo o que está relacionado com Cristo
na sua exaltação – v. 1
Devemos
buscar em primeiro lugar as coisas do céu. Devemos buscar em primeiro lugar o
Reino de Deus. Devemos estar enamorados do céu. Devemos ter saudades do céu.
Devemos nos encantar com a cidade cujo arquiteto e fundador é Deus. Devemos
desprezar os encantos da terra por causa da sublimidade do céu. Pertencemos a
uma nova vida. Temos um novo Lar. Temos uma Nova Pátria.
2.
Devemos pensar nas coisas lá do alto – v. 2
Os nossos
pés devem estar sobre a terra, mas as nossas mentes devem estar no céu. Hoje
vivemos a inversão desses valores. Os crentes querem um paraíso na terra.
Querem tesouros na terra. Estamos agarradas às coisas da terra, por isso não
aspiram às coisas do céu.
Josué e
Calebe enfrentaram as tentações do deserto e suportaram a incredulidade dos
hebreus e entraram na terra prometida, porque suas mentes estavam em Cannã.
Eles sabiam que tinham uma herança em Cannã.
Nosso
tesouro está no céu. Nosso descanso está no céu. Nosso Senhor está no céu. O
céu é a nossa origem e o nosso destino.
II.
DESFRUTAMOS O CÉU NA TERRA QUANDO MORREMOS PARA AS COISAS TERRENAS – V. 5-9
1.
Devemos andar com a certidão de óbito no bolso – v. 5-7
Porque
nós morremos com Cristo (3:3), nós temos poder para fazer morrer a nossa
natureza terrena (isso não é ascetismo – flagelação do corpo).
Devemos nos considerar mortos para o pecado (Rm 6:11).
Jesus
disse: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti” (Mt
5:29). É óbvio que nem Paulo nem Cristo estão falando de uma cirurgia literal.
O mal não vem dos olhos, da mão, do pé. Ele vem do coração.
2.
Devemos saber para quais coisas estamos mortos – v. 5
Paulo
denomina os pecados. Esses pecados faziam parte da velha vida (v. 7) e eles
atraem a ira de Deus (v. 6). Esses pecados não são mais compatíveis com a nova
vida que temos em Cristo.
Que
pecados são esses?
a) Pecados Morais – Prostituição, impureza e lascívia estão diretamente ligadas
a pecados sexuais. Toda sorte de relação sexual antes e fora do casamento estão
aqui incluídos. Não apenas o ato pecaminoso, mas também a intenção e o desejo
impuro.
b)
Pecados Sociais – desejo maligno e avareza falam de desejar o mal para os outros
e desejar o que é dos outros. O que nós desejamos determina o que nós fazemos. A
avareza (pleonexia) é o pecado de desejar sempre mais, sem nunca se satisfazer:
seja de coisas ou de prazeres. Isso é idolatria, porque substitui Deus por coisas
ou prazeres.
3.
Devemos tirar de sobre nós as roupas da velha vida e deixá-las na sepultura –
v. 8-9
a)
Pecados ligados ao temperamento – ira (thymos), indignação (orge) e maldade
(kakia) falam de um temperamento não controlado pelo Espírito de Deus. Ira
descreve um temperamento explosivo como fogo de palha. Indignação fala de uma
ira que se acumula e que jamais cessa. Maldade fala de um desejo maligno contra
uma pessoa que se entristece quando ela é bem-sucedida e se alegra quando ela
passa por problemas.
b) Pecados
ligados à língua – Maledicência, linguagem obscena e mentira são termos que
descrevem o uso indevido e impróprio da língua. Maledicência é falar mal dos
outros. Linguagem obscena é ter a boca suja. Mentira é falsear a verdade. Quando
um crente mente, ele está cooperando com Satanás que é o pai da mentira.
Positivamente falando, O cristão deve ter uma linguagem amável, pura e
verdadeira.
III.
DESFRUTAMOS O CÉU NA TERRA QUANDO NOS REVESTIMOS DE CRISTO – V. 10-11
1. Porque
o velho homem morreu, o novo homem está no controle – v. 10
• Porque
nós vivemos em Cristo, devemos buscar as coisas lá do alto.
• Porque nós morremos com Cristo, nós devemos nos despojar das coisas que
pertenceram à velha vida de pecado.
• O resultado é que nos tornamos semelhantes a Jesus Cristo. Quando nós
confiamos em Jesus Cristo nós removemos a velha vida e colocamos a nova. O
velho é sepultado e o novo homem agora está no controle.
• O verbo “revestir” está no particípio presente, significando que nós somos
constantemente renovados. O ato da salvação conduz ao processo da santificação.
2. Porque
o velho homem morreu, o novo homem é continuamente renovado em Cristo – v. 10
a)
Através do Conhecimento – Quanto mais conhecemos a Cristo, mais nos tornamos semelhantes
a ele.
b) Através da transformação à imagem de Cristo – O homem é a imagem de criada
(criação), deformada (pecado) e transformada (redenção).
3. Porque
o velho homem morreu, o novo homem em Cristo desconhece muros de separação – v.
11
a) Não há
barreiras de nacionalidade- grego nem judeu
b) Não há barreiras de ritos religiosos – circuncisão nem incircuncisão
c) Não há barreiras de diferenças culturais – bárbaro e cita (os gregos
consideravam todas as pessoas não gregas como bárbaros e os citas eram os mais
bárbaros mais atrasados).
d) Não há barreiras sociais – escravo e livre.
4. Porque
o velho homem morreu, Cristo é tudo para nós – v. 11
Cristo é
tudo na Epístola aos Colossenses:
1) Ele é
o Filho amado de Deus (1:13);
2) Ele é
a imagem do Deus invisível e o Primogênito de toda a criação (1:15); 3) Ele é o
eterno, onipotente criador (1:16);
4) Ele é
a cabeça da igreja (1:18);
5) Ele é
o nosso redentor (1:14);
6) Ele é
a esperança da glória (1:27);
7) Ele é
o detentor de todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (2:3); 8) Ele é
a plenitude de Deus (2:9);
9) Ele é
tudo em todos (3:11). Cristo é o centro da história, da criação, da salvação,
do céu. Cristo é tudo em todos:
a) Cristo é tudo na Bíblia
b) Cristo é tudo no plano redentor de Deus
c) Cristo é tudo na igreja
d) Cristo é tudo no céu.
Rev. Hernandes Dias Lopes